Morgana era uma poodle toy preta. Ela era linda, fofa, pequenina, graciosa. Gostava de tomar sol, de correr atrás de gatos, de comer guloseimas, de dormir ao meu lado. Era mais que um bichinho de estimação, era minha amiga confidente, desde os meus sete anos de idade.
Seus olhinhos eram tão vivos e atentos, que pareciam de gente. Seu corpinho era macio e peludo, como o de um bicho de pelúcia. Morghi Lyne, como vovó a chamava, não gostava de banho, e tentava fugir dele sempre. Mas ficava uma gracinha, toda cheirosa e de lacinhos nas orelhas, os quais ela tentava arrancar.
Eu dividia com Morghi meus segredos, doces e cobertores. E ela me dava o seu carinho canino, tão cheio de sinceridade e calor.
Hoje faz três anos que Morghi me deixou. Sua última semana aqui em casa foi difícil. Ela havia partido algumas vértebras, o que a impedia de andar normalmente. Então, eu a levava aonde ela queria ir, segurando-lhe as patinhas de trás enquanto ela tentava correr com as da frente. No veterinário, descobrimos que não eram as vértebras quebradas o problema, e sim a pressão que a fratura causava em seu coração e em seus pulmões. Seu coração era grande demais, o que dificultava a respiração. Para curar as fraturas, injeção todo dia. Morghi já não chorava mais, só suspirava, resignada.
Naquela tarde, levei Morghi para tomar sol no pátio. E depois subi com ela até meu quarto, onde fiquei lendo e ouvindo música enquanto ela dormia sobre a capa protetora do computador. Ela adorava dormir embaixo de minha escrivaninha.
À noite, estávamos assistindo a A Bela e a Fera, da Disney, enquanto Morghi estava em seu cantinho na sala ao lado. Escutei-a tentando se mexer, e então ajudei-a a caminhar. Chegando na sala, Morghi postou-se aos pés de mamãe. Sua respiração era entrecortada e ofegante. Pouco depois, a respiração irregular parou de fazer barulho. Ela parecia estar dormindo. Eu estava feliz, pensando que ela finalmente estava dormindo tranquila. Mas um de meus tios chegou e percebeu o que havia acontecido. Morghi já não mais respirava. De jeito nenhum.
Algumas pessoas talvez não entendam, mas Morghi era, e ainda é, muito especial para mim. Um verdadeiro anjinho, que eu amo demais.
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